Nos dias de hoje, raramente tenho tempo para andar sem rumo durante o famoso “horário comercial”. Mas, por acaso, me vi na Tijuca, mais precisamente na Praça Saens Peña, em um desses momentos raros. Resolvi então revisitar dois lugares que marcaram minha adolescência: a icônica Video Game Center, que ficava na Vitrine da Tijuca (Rua Conde de Bonfim, 346), e uma pequena locadora de games no fim de uma galeria na Rua Major Ávila.
Nos anos 90, a Video Game Center era um verdadeiro paraíso para os gamers do Rio de Janeiro. Ocupando quase metade do andar da galeria, ela era uma das poucas locadoras que traziam cartuchos raros de NES e Super NES, incluindo RPGs difíceis de encontrar e títulos peculiares como os da franquia Yo! Noid. Sempre havia uma movimentação intensa, com adolescentes vidrados nas vitrines repletas de jogos dos sonhos. Além dos Games ainda tinha um catálogo imenso de VHS e Laser Disks.
Já a locadora da Rua Major Ávila era um achado para quem queria comprar jogos importados a preços acessíveis. Foi lá que, pouco tempo após o lançamento nos Estados Unidos, conseguimos comprar um cartucho original de Street Fighter II para o Super Nintendo. Para qualquer fã de games da época, essas lojas eram mais do que simples comércios — eram pontos de encontro, verdadeiros refúgios para quem vivia a cultura gamer.
Mas a nostalgia bateu forte ao ver o que restou desses lugares. O espaço onde ficava a Video Game Center agora abriga pequenas salas vazias, disponíveis para aluguel. A locadora da galeria, por sua vez, deu lugar a um pequeno salão de cabeleireiro. Lugares que antes transbordavam vida e entusiasmo agora estão esquecidos, sem qualquer vestígio do que um dia foram.
Além dessas duas locadoras eu frequentava a Game Store no Bairro Portuguesa na ilha do Governador (que era no número 2760 da Rua República Árabe da Síria e depois mudou para o número 415) e a Brothers Games no quarto andar de um edifício na Rua Cardoso de Moraes 61, no Bairro Bonsucesso. Ambas não existem mais hoje em dia.
É triste perceber que espaços tão importantes para uma geração inteira simplesmente desapareceram. Era ali que jovens da Zona Norte se reuniam, trocavam dicas e descobriam novos jogos. Hoje, o mundo parece um pouco mais sem graça. A digitalização dos games facilitou o acesso a títulos antigos, mas eliminou o charme da busca, da descoberta, da troca de experiências olho no olho.
Talvez seja só saudosismo, mas sinto falta desse tempo em que comprar ou alugar um jogo era uma experiência completa. E você, também sente falta das locadoras de games?
Para finalizar, um vídeo de 1995 que achei nos arquivos do Youtube onde um repórter vai na Video Game Center entrevistar o campeão Brasileiro de Mortal Kombar.
Referências: